Canelada!



   Que canela emagrece, é saudável e cai muito bem como cobertura de doces, todo mundo já ouviu falar. Talvez você não tenha o costume de consumir esse tempero, mesmo sendo o terceiro mais consumido do mundo, perdendo apenas para a pimenta e baunilha, mas essas informações podem mudar para sempre seus hábitos.


  Segundo uma pesquisa de Georg Wondrak e Donna Zhang da University of Arizona College of Pharmacy e da UA Cancer Center, um dos componentes derivados da canela, o cinamaldeído (responsável pelo aroma e sabor característico da canela), tem potencial inibidor de câncer colorretal em ratos de laboratório. Esse câncer tem um prognóstico difícil, e depende de novos estudos para obter estratégias mais eficazes para seu tratamento. Apesar de o cinamaldeído apresentar potencial inibidor do câncer colorretal, não há, ainda, evidências de que o consumo da canela, por si só, tenha o mesmo efeito, por se apresentar em pouca quantidade na canela.

   Outro estudo interessante, feito por Kalipada Pahan e Floyd A. Davis, da Rush University Medical Center e publicado em junho de 2014 na Journal of Neuroimmune Pharmacology, revela que o uso da canela pode reverter alterações biomecânicas, celulares e anatômicas que ocorrem no cérebro de ratos com doença de Parkinson, sendo potencialmente a abordagem mais segura de interromper a progressão em pacientes com essa doença. A doença de Parkinson só não é mais comum que a doença de Alzheimer, quando se trata de doença degenerativa, mas mesmo com muitos estudos, ainda não foi descoberto uma terapia eficiente para frear seu avanço. O cinamaldeído se converte em benzoato de sódio, substância responsável por melhorar as funções motoras de ratos com doença de Parkinson. 

   A mesma equipe de pesquisadores, da Rush University Medical Center, publicou no JNP, em julho de 2016, outro estudo sobre os benefícios da canela. Dessa vez o alvo foram ratos com capacidade de aprendizado reduzidas. Em testes de laboratório ratos eram treinados para aprender um caminho em um labirinto e foram classificados como possuindo boa ou má capacidade de aprendizado. Após um mês sendo alimentados com canela foram testados novamente, e desta vez os que possuíam dificuldade de aprendizado foram equiparados aos com facilidade em aprender, ou seja, a canela pode melhorar a capacidade de aprendizado de quem tem dificuldade, e não de todo mundo. Isso se dá devido a uma proteína que as pessoas com dificuldade apresentam em menor quantidade, e o benzoato de sódio, citado anteriormente, aumenta a quantidade dessa proteína no cérebro, estimulando a plasticidade (habilidade para mudanças) dos neurônios do hipocampo, o que leva a um aumento da memória e aprendizado no rato.

   Pensando nas mulheres que sofrem da Síndrome do Ovário Policístico, a International Federation of Fertility Societies e Columbia University publicou um estudo feito com 45 mulheres, divididas em dois grupos: um controle com 22 mulheres recebendo placebo e um grupo de estudo, com 33 mulheres recebendo canela. Após 6 meses de estudos, as mulheres do grupo de estudo mostraram uma melhora no seu ciclo menstrual que as mulheres do grupo controle não apresentaram. Além disso, 2 mulheres que estavam recebendo canela tiveram gravidez espontânea durante o período de estudo, condição rara em mulheres que sofrem da síndrome.

   É claro que nem tudo são flores. No caso da canela, há um composto que pode causar danos no fígado, principalmente em pessoas sensíveis. A cumarina está presente na maioria das espécies vendidas como canela (Cinnamomum aromaticum – canela-chinesa, Cinnamomum cassiaC. loureiroi, e C. burmannii)­, assim como nos produtos industrializados sabor canela, estando ausente apenas na Cinnamomum verum, a canela verdadeira (conhecida também como canela-do-Ceilão). O problema é que canela verdadeira é muito cara, e dificilmente encontrada nos mercados convencionais. Ou seja, se você já conhecia os benefícios da canela e achava estar mantendo um bom hábito ao consumi-la, procure saber se a que consome é a canela verdadeira ou não.

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