Dodô: A ave que os humanos extinguiram

Por Alice Damiani Bernardes, Ana Carolina Bosio e Luiz Henrique Terhorst

O Dodô (Raphus cucullatus) era uma ave grande, aproximadamente do tamanho de um peru, podendo chegar a 25kg e com uma cabeça avantajada, dotada de bico recurvado. Essas aves viveram nas ilhas Maurício, no oceano Índico, ao leste do Continente Africano, e extinguiram-se por volta de 1670.
Inicialmente se acreditava que havia outras duas espécies aparentadas ao Dodô nas ilhas Reunião (o Raphus solitarius) e nas ilhas Rodriguez (o Pezophaps solitaria) conforme a Figura 1. Porém, estudos posteriores ressaltaram que na verdade houve uma falha na interpretação de desenhos da época, pois o animal descrito como Dodô-branco-da-ilha-de-Reunião (Raphus solitarius) na realidade era próximo dos Pelicanos, sendo classificado desta vez como Threskiornis solitarius, o Íbis-terrestre-de-reunião. Hoje, tem-se conhecimento de que o Solitário-de-Rodrigues (Pezophaps solitaria) foi a única espécie aparentada ao Dodô a viver na mesma época.
Holocene Extinction Month #04 – Birds of the Mascarene Islands The dodo (Raphus cucullatus, on the left), a 1m tall (3'3") flightless pigeon from the Republic of Mauritius, has become one of the most famous and recognizable recently-extinct...
Figura 1: Em sequência da esquerda para direita estão o Raphus cucullatus, Pezophaps solitaria Threskiornis solitarius
A origem do nome “Dodô” não é clara. Alguns atribuem à palavra holandesa dodoor para “preguiçoso”, mas ele pode também estar relacionado à dodaars (“nó-bunda”), referindo-se ao nó de penas sobre o traseiro do animal. Outras vertentes trazem o nome Dodô com origem na palavra “doudo”, derivada do português arcaico, o qual significa atualmente “doido”. Também é considerada a ideia de que o nome da ave foi uma aproximação onomatopaica do som – quando palavras são atribuídas a construções sonoras, que as aves produziam e que soava como “doo-doo”.
A extinção dessas aves aconteceu com a chegada dos seres humanos às ilhas Maurício em 1500 e com a introdução de espécies por eles ao arquipélago. Os Dodôs foram intensamente predados, e seus ninhos destruídos por mamíferos, levando à sua extinção em aproximadamente 180 anos. O que se sabe sobre o Dodô, atualmente, é obtido através de análises de ossos e relatos registrados por marinheiros que conviveram com esses animais.
Análises desses materiais indicam que tais animais eram predominantemente frugívoros (comiam frutas) e seus ossos eram adaptados à vida terrícola. Existia forte dimorfismo sexual (os machos eram maiores que as fêmeas) e as suas asas eram bastante reduzidas. Por isso, o Dodô era uma ave que não conseguia voar. Colocava os ovos no chão (o que facilitava a predação por mamíferos), e seus filhotes chegavam ao tamanho adulto rapidamente, devido ao clima. Porém, a maturidade sexual desses animais demorava a acontecer. O dodô também apresentava uma muda característica, trocando de penugem e mudando significativamente sua coloração, que durante esse período era cinza, e fora dele marrom-acinzentado.
Essas aves são retratadas na ficção, por exemplo em “A Era do Gelo” e em “Alice no País das Maravilhas” (Figura 2), como sociais e de comportamento imbecil, o que leva à impressão de esses animais serem ingênuos e isso estar relacionado a sua rápida extinção.
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     Figura 2: Os Dodôs de Alice no País das Maravilhas(esquerda) e A Era do Gelo (direita)
Os Dodôs são mais um exemplo da destruição dos humanos sobre a natureza, e um dos mais icônicos registros históricos da rápida extinção de uma espécie pela ação do ser humano.

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