Gigantes pré-históricos: revisitando grandes fósseis

Texto por: Bruno Tavares, Maria Eduarda de Melo Vieira e Matheus D’avila Schmitt

    Paleontólogos são os profissionais que estudam os fósseis – que nada mais são que restos ou vestígios de seres vivos deixados nas rochas. Dentre muitos registros de animais antigos que se têm os fósseis gigantes sempre chamam muito a atenção e despertam curiosidade de quem os vê. Sendo assim, falaremos um pouquinho de alguns deles.
    A vida começou a deixar os mares e invadir a terra na Era Paleozoica – Período Siluriano, quando ocorreram então os primeiros registros fósseis de plantas e artrópodes terrestres. Dentro do grupo dos artrópodes, os insetos tiveram sua origem no Período Devoniano e diversificaram-se em mais grupos (como “libélulas” e “lacraias”) no Carbonífero.
    Nos períodos finais da Era Paleozoica – Carbonífero e Permiano, há um notável registro fossilífero referente aos insetos que habitavam o planeta em tal época. Se compararmos esses fósseis com os insetos que conhecemos atualmente, uma diferença nos salta aos olhos: seu tamanho! Os insetos fósseis do Carbonífero eram muito maiores que os seus representantes atuais. Mas, por quê? A explicação que os cientistas nos dão, é que esse maior tamanho está relacionado com uma grande quantidade de oxigênio disponível na atmosfera nesse período, 35%, lembrando que hoje nossa atmosfera tem 21% de Oxigênio (Figura 1).
Figura 1. Níveis de Oxigênio nos últimos 600 milhões de anos nos períodos: -C, Cambriano; O, Ordiviciano ; S, Siluriano; D, Devoniano; C, Carbonífero; P, Permiano ; Tr, Triássico; J, Jurássico; K, Cretáceo; T, Terciário. Modificado de Dudley (1998).

    Os insetos respiram oxigênio através da difusão, ou seja, as moléculas de oxigênio vão atravessando célula após célula até chegar aos pontos mais distantes do corpo do animal, e devido a isso, hoje, nossos insetos são na sua grande maioria, pequenos. No Período Carbonífero, respiravam também da mesma forma, porém com uma atmosfera muito mais rica em oxigênio, logo, a difusão era muito mais rápida e eficaz para atingir todo o corpo do animal, assim, foi possível que insetos gigantes sobrevivessem nesse ambiente. Dois exemplos desses insetos gigantes são a “libélula” Meganeura e a “lacraia” Arthropleura (Figura 2). Entretanto, acredita-se que quando os níveis de oxigênio caíram, no final do período Permiano, esses insetos gigantes entraram em declínio e extinção.
Figura 2. A) Principais períodos da Era Paleozoica e algun(s) de seu(s) respectivo(s) evento(s) . B) Ilustração comparando o tamanho de um humano com Meganeura e Arthropleura Adaptado da web.

    O gigantismo de fósseis não restringe-se apenas aos insetos. Foi visto em outros grupos, como na chamada megafauna. Chama-se de megafauna, os mamíferos de grande porte, que chegavam até seis metros, os quais surgiram na Era Cenozoica – período Paleógeno e distribuíram-se ao longo da América até o período Quaternário (o que vivemos atualmente) (Figura 3).
Figura 3. A) Principais períodos e épocas da Era Cenozóica. B) Representação da megafauna sul-americana que surgiu no Paleógeno Disponível na web
    Os gliptodontes e as “preguiças-gigantes” (Megatherium) são exemplos da megafauna pleistocênica brasileira. Os gliptodontes chegavam a pesar 800 quilos e tinham até dois metros de comprimento, enquanto as preguiças gigantes alcançavam até seis metros de comprimento e quatro toneladas. Ainda durante o pleistoceno, ocorreram eventos que contribuíram para a extinção desses animais. Entre as possíveis causas, acredita-se em mudanças climáticas, infecção por organismos causadores de doenças e até a caça pelo ser humano primitivo (Homo sapiens), entretanto, é possível que uma combinação desses fatores tenha de fato contribuído para a extinção da megafauna pleistocênica.

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