Importância das bromélias para a biodiversidade

Anfíbio nas folhas da bromélia / Paulo Roberto Corte
A família Bromeliaceae, das bromélias, é constituída por cerca de 1.500 espécies, podendo ser epífitas (vivem sobre outras plantas sem causar prejuízo), terrestres ou, ainda, viver sobre rochas, sendo o seu habitat principalmente a Mata Atlântica. Mas um fato que poucas pessoas sabem é que as bromélias, além de possuírem uma importância econômica, tanto para a ornamentação como para uso alimentício (um exemplo é o abacaxi), são importantes para a biodiversidade do meio ambiente.

Essas plantas possuem cisternas onde ocorre o acúmulo de água no seu interior, podendo armazenar até litros em certas espécies! O armazenamento é importante já que traz resíduos orgânicos com nutrientes e poeira que garantem a nutrição da planta e formam um ambiente ideal para a sobrevivência de diversos organismos vivos.

Geralmente as espécies dessa família apresentam um aspecto que se destaca com flores coloridas, atraindo diversos polinizadores como beija-flores, morcegos, borboletas, abelhas e besouros que se alimentam do néctar abundante encontrado nessas plantas.

As bromélias apresentam interações com outros animais que podem acabar sendo parcial ou totalmente dependentes dessas plantas. Elas são utilizadas como abrigo, alimento, reprodução e cuidados com a prole, sendo consideradas um microhabitat.

As interações com as bromélias podem ser:

Com artrópodes (como aranhas, abelhas e formigas): as bromélias são usadas principalmente como um meio de reprodução. Um exemplo são as formigas que usam a planta como uma espécie de casa e em troca protegem a bromélia contra algum animal que pode consumi-la ou até mesmo na dispersão das sementes;

Com aves: a principal ave encontrada relacionada com as bromélias são os beija-flores, que consomem o néctar e realizam a polinização;

Com mamíferos: muitos morcegos também utilizam o néctar como alimento e fazem a polinização, principalmente em flores que se abrem à noite e que possuem um cheiro marcante;

Com anfíbios: os anuros (sapos, rãs e pererecas) utilizam as bromélias não só para depositar seus ovos, mas também como um abrigo durante sua vida por ser um local úmido e mais escondido de predadores, e, por isso, os anuros preferem bromélias com cisternas que armazenam água.

Bromélias e o mosquito da dengue!
Pouco tempo atrás as bromélias estavam sendo eliminadas e sendo alvo de pesticidas devido a suspeita de que os tanques que armazenam água nessas plantas seriam um local para proliferação do mosquito da dengue (Aedes aegypti).

Entretanto com as pesquisas feitas pelo Instituto Oswaldo Cruz no Jardim Botânico do Rio de Janeiro mostraram que na análise da água armazenada de 156 bromélias, houve um índice muito baixo de Aedes aegypti e Aedes albopictus (outro vetor do vírus da dengue). “Apenas 0,07% e 0,18% de um total de 2.816 formas imaturas de mosquitos coletadas nas bromélias durante o período de um ano correspondiam ao Aedes aegypti e Aedes albopictus, sugerindo que as bromélias não constituem um problema epidemiológico como foco de propagação ou persistência desses vetores”, afirma o biólogo Marcio Mocelin que desenvolveu a pesquisa. Portanto as bromélias não são o principal foco de proliferação dos vetores da dengue, não havendo a necessidade da eliminação destas, sendo mais importante direcionar a prevenção para locais com água parada, principalmente piscinas, lixo destampado, caixa d’água destampada, pneus, entre outros.



Curiosidade sobre as bromélias

  • Existem espécies de bromélias, como a Brocchinia reducta, que são carnívoras. Para capturar insetos, essa planta possui o crescimento vertical de suas folhas formando um tubo. Dentro desses tubos essa espécie conta com a presença de pelos formando um tipo de pó branco onde os insetos ficam presos e acabam se afogando na água armazenada pela planta;

  • Há certas bromélias que podem chegar a uma altura de 10 metros, um exemplo é a Puya raimondii;

Puya raimondii / Wikimedia Common

  • As bromélias podem ser encontradas em alturas de até 4000 metros.

Bromélias nas copas das árvores / Wikimedia Commons


¹ JUDD, W. S. Sistemática vegetal: um enfoque filogenético. Porto Alegre: Artmed, 2009.



Autoria: Equipe do PET Biologia da FURB

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