Lagartas de Spodoptera exigua, a espécie utilizada no experimento, alimentando-se em flor de crisântemo | Nigel Cattlin. |
O estudo foi realizado por John Orrock, Brian Connolly e Anthony Kitchen, da Universidade de Wisconsin (Madison, EUA). Já se sabe que plantas, quando estão sendo atacadas por herbívoros, lançam no ar substâncias químicas de alarme, como o metil-jasmonato. Essas substâncias, ao entrarem em contato com outras plantas, modificam a fisiologia delas, fazendo-as se prepararem para um ataque de herbívoros mesmo que esses ainda não tenham chegado. Trata-se, na verdade, de uma espécie de comunicação entre elas, como se uma dissesse “Alerta!!! Estou sendo atacada! Cuidado!!!”, e as outras, ouvindo essa mensagem, se preparassem para o ataque iminente, do jeito que as plantas podem. A maneira mais fácil e comum é a de sintetizar substâncias químicas que tornam as folhas desagradáveis para serem comidas, ou até mesmo tóxicas, como faz a planta de tabaco ao sintetizar nicotina (e nós, humanos “espertos”, fumamos essa substância de defesa).
Tomateiros que não haviam recebido o sinal de “alerta”, ou que receberam baixas doses de metil-jasmonato, até tentaram começar a sintetizar as substâncias que induziam ao canibalismo quando as lagartas eram colocadas sobre eles; porém eles já estavam atrasados e às vezes só conseguiam mudar alguma coisa no comportamento das lagartas quando já estavam quase completamente devorados. Esse estudo, junto de outros que vêm sido feitos ao longo dos últimos anos, demonstram como é importante, para as plantas, a comunicação. Plantas comunicam-se o tempo inteiro, e não só entre elas, mas também com animais, fungos e micro-organismos. Isso permite uma dinâmica na natureza que colabora com a estabilidade e equilíbrio dos ecossistemas, evitando, por exemplo, que herbívoros devorem demais um determinado grupo de plantas. Como dizia o Chacrinha, figura icônica da televisão brasileira que neste ano completaria 100 anos de idade, “quem não se comunica, se trumbica!”.